CAPÍTULO UM – MY LITTLE GASTLY
Chovia forte em Ecruteak. A
chuva, por mais forte que estivesse não espantava ninguém, pois era comum
aquele tipo de evento no fim de outubro.
Já estava ficando noite, e poucas pessoas ousavam atravessar qualquer
lugar com um temporal daquelas, afinal ninguém queria se molhar. Nas ruas
vazias, com poucos lugares abertos, algo chamava atenção.
Era uma jovem. Correndo
com um guarda-chuva de estampa floral vermelho, a garota lutava contra o vento, para que não levasse o objeto. Logo depois
de um tempo correndo ela chega a uma casa.
A casa parecia
até mesmo um pouco antiga comparada às outras da cidade, mas não perdia seu
charme. O lugar era grande, com um vasto jardim e várias árvores espalhadas
pelo local. A jovem se aproximou de uma parte mais iluminada e assim pode-se
avistar melhor seu rosto.
Era uma garota
alta, bonita e não aparentava ter menos de 17 anos.
Tinhas olhos e
cabelos azuis, vestia uma espécie de jaleco branco com uma blusa vermelha por
baixo e carregava consigo uma bolsa preta um pouco grande demais, sua expressão
não era das melhores.
A enorme porta
de madeira rangeu um pouco e foi se abrindo conforme a jovem se aproximava.
Um senhor de
idade, que devia estar na faixa dos 50 a 60 anos vestia um terno preto e possuía
poucos cabelos já brancos em sua cabeça. Seu nome era Alfred Hastings, o
mordomo da família Anderson.
— Oh, céus!
Christine, por que veio nessa chuva? – Perguntou o homem recolhendo o
guarda-chuva molhado. – Deveria ter esperado, ou ligado que teríamos ido
busca-la.
— Para falar a
verdade, - Explicou ela. – Quando eu sai não estava chovendo. Esta chuva
começou no meio do caminho.
— Bem, deveria
ter parado em algum lugar e esperado do mesmo jeito. – Advertiu ele. – Alias,
deu certo?
Christine evitou
olhar para ele. Alfred percebeu a reação da garota, e apenas assentiu.
— Acho que vou
preparar aquele chocolate-quente que tanto adora. – Disse gentilmente.
— Obrigado,
Alfred. Eu iria adorar. – Falou tentando forçar um sorriso, embora não tenha
dado certo.
Christine seguiu
em direção a sala principal, na esperança de encontrar seu tio sentado perto da
lareira como este sempre fazia, e lá ele estava. A sala era ampla e
extremamente confortável. Uma enorme lareira fornecia calor para o aposento e
os móveis estrategicamente colocados dava um ar ainda mais nobre ao lugar.
Sentado em uma
poltrona escura perto da lareira, estava um homem loiro que deveria estar nos
seus 30 ou 35 anos, era difícil dizer pela pouca iluminação. Suas roupas eram
de um roxo escuro e o quatro gravado em algarismos romanos se destacava, este
era ninguém menos que Moriarty “Morty”
Anderson, atual Líder do Ginásio Pokémon de Ecruteak.
O homem não
percebeu quando a garota entrou no cômodo, e a mesma, irritada por nem ter sido
notada logo falou em voz alta:
— Boa noite, Tio
Morty. – Disse franzindo a testa.
— Eita! –
Gritou. – O que você está fazendo comigo, um jogo, garota?
— Provavelmente.
– Respondeu secamente.
— Eu não te vi
entrando. – Disse abaixando os olhos. – Se fosse uma Arbok teria me mordido.
— Provavelmente.
– Repetiu.
O homem deu um
de seus típicos sorrisos, o que fez a garota rir também. Morty era um dos
últimos parentes vivos de Christine, e o mesmo era considerado como um pai pela
garota. Fez sinal para a sobrinha senta-se na poltrona oposta, e depois de uma
pequena pausa, perguntou:
— Acho que pela
sua carinha, a apresentação foi um desastre, né?
— Desastre seria
apelido. – Respondeu tristemente. – Sabe, sempre quis ser uma escritora, mas,
nunca pensei que seria tão difícil assim. Achei que “My Little Gastly” seria algo…Ah,
não sei! Uma crônica onde um Pokémon fala e age como humano. Quem seria insano
a fazer algo nesse ponto?
— Bem, eu adorei
tudo que eu li. Acredite, minha querida, quem perdeu foi eles! Tenho certeza,
que na próxima vez terá mais sorte.
— Será?
Sinceramente...Às vezes eu penso em desistir.
Um silêncio
desconfortável tomou conta do lugar. Christine se levantou e subiu as escadas
para seu quarto, Morty continuou lá sentado imóvel, pensando em inúmeras
tentativas que seriam frustradas para animar sua sobrinha.
O quarto de
Christine era bastante amplo. As paredes tinham detalhes rosados e brancos
assim como os móveis. Ela entrou no chuveiro e tomou um longo banho, tentando
afogar as lembranças dolorosas que aquele dia lhe rendeu. Ao sair, vestiu os
pijamas e tomou parte da xicara de chocolate quente que Alfred deixou em seu
quarto, quando terminou sentou na frente do computador e encarou a tela branca
do editor de texto, como fizera várias vezes antes. Apertou a primeira tecla e
ficou lá o resto da noite, até então cair em um sono profundo.
***
O dia não
amanheceu dos mais bonitos naquela manhã de domingo. A chuva tinha diminuído
bastante, mas o céu ainda continuava nublado.
Christine dormia
ainda sobre a mesa do computador, e fora acordada por três batidas fortes e
rápidas em sua porta.
— Cris! Acorde!
Você precisa ver algo.
A garota soltou
apenas um grunhido. Seu corpo inteiro doía, e até mesmo o computador não
aguentou e estava em modo de espera fazia horas. Passar a noite deitada na
cadeira de sua escrivaninha não fora nada agradável.
Olhou emburrada
para o relógio que ainda marcavam “07h04min”.
Era domingo, por que motivo chama-la àquela hora da manhã no domingo? Ela se
perguntou.
Colocou um
roupão com bastante mal humor e abriu a porta. Do lado de fora, estava um Morty
com um sorriso enorme que mal cabia no rosto.
— Por que me
chamou essa hora da manhã?
— Apenas os
vencedores acordam cedo. – Disse. – E as vezes precisam de uma ajudinha para
isso.
Christine estava
pronta para discutir quando algo lhe chamou a atenção. Nas mãos de seu tio, um
objeto esférico e brilhante deslizava por entre seus dedos. Ela o fitou com
muita atenção.
— Porque? – Foi
tudo o que conseguiu dizer.
— Eu nunca sei o
porquê. – Disse entregando a esfera para a sobrinha. – Mas sei que reviver esse
seu antigo sonho de criança, pode ser a chave para o que procura. O que é
melhor do que sair em busca de aventuras?
— Tio...Eu sei
bem qual sua verdadeira intenção com isso. – Falou.
— Pensei em
matar dois buneary com uma cajadada
só. Sair em uma jornada era tudo que você queria, eu me lembro. Pense bem, se
você não esquecer o passado, nunca encontrará o futuro.
Christine
continuou imóvel fitando a Dusk Ball
em suas mãos. Respirou fundo, pressionou o botão e lançou a pokébola no ar.
Um raio de luz
saiu do objeto, logo ganhando a forma de uma bola roxa rodeada por um gás
escuro muito visível. A criatura possuía enormes olhos brancos e um sorriso
perturbador. Era um Gastly.
— Eu imaginei que
você apreciaria a ironia. – Comentou Morty para a sobrinha.
Ela não falou
nada. Soltou um ligeiro sorriso ao fitar Pokémon fantasma, ainda confuso com
tudo aquilo
“Um Gastly...Isso sim será interessante!”